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"Se puder lutar, lute. Se ajudem! Se preparem! Nossa guerra mal começou" Adaptado do livro Guerra Mundial Z de Ma...

Guerra Mundial Z (World War Z) - 2013





"Se puder lutar, lute. Se ajudem! Se preparem!
Nossa guerra mal começou"



Adaptado do livro Guerra Mundial Z de Max Brooks, um compilado de entrevistas pós um  global e apocalíptico ataque de zumbis, o longa dirigido por Marc Forster e produzido e estrelado por Brad Pitt é um tenso híbrido de suspense, ação e horror. Na adaptação, o investigador da Organização das Nações Unidas Gerry Lane (Pitt) está distante do trabalho e decidiu dedicar-se à família, sua esposa Karen (Mireille Enos) e filhas. Em um dia como outro qualquer, a paz é comprometida com um pandemia mundial no qual humanos se transformam em Zekes em uma devastadora escala de infecção que põe em risco a humanidade. Gerry é chamado para investigar a origem da doença e tem que lutar contra zumbis em diferentes partes do mundo até encontrar uma solução.


Guerra Mundial Z é um excelente entretenimento no qual há a junção entre o medo, tão comum em filmes catástrofe principalmente o medo de vírus e bactérias que coloquem em risco a saúde e vida da humanidade, como também é um longa com uma abordagem mais moderna dos zumbis, legendários mortos vivos que ficaram conhecidos desde os filmes de George Romero e continuam em alta com a TV série The Walking Dead. O longa enfatiza a combinação perfeita entre o blockbuster de ação e suspense com uma temática atrativa (Zumbis), motivação familiar ( o heroi pai de família), um ator competente, boa pinta e admirado (Brad Pitt) e fenômenos contemporâneos como conflitos e doenças. O resultado é um blockbuster que atrai as plateias e segura bem o suspense na jornada heróica de Gerry.


O longa foi adaptado de uma forma diferente do livro original e é estruturado por um roteiro mais comercial do personagem que tem que resolver o problema e salvar o mundo, desta forma resultando em uma escolha coerente para um blockbuster produzido por Brad Pitt e com um diretor como Marc Forster que costuma dirigir dramas de personagens mais centrais. Enquanto o livro foca em entrevistas pós catástrofe, o filme enfoca na jornada de investigação de Gerry. Apesar dessa decisão, a narrativa não se afasta de questões como a vulnerabilidade de uma investigação, o medo, a amplitude global de uma epidemia, a ciência aplicada em um contexto de zumbis e a esperança pela sobrevivência. Como Brad Pitt e sua esposa Angelina Jolie são envolvidos em temas globais da agenda da ONU, o toque de Midas do produtor se manteve e o filme retrata  a catástrofe de forma mais realista misturando bem a ficção de zumbis que aumentam em proporções grandiosas com o estilo diplomático e de experiência em campo de Gerry que viaja para  Coreia, Israel etc. 







Brad Pitt: no melhor momento, cara a cara, com um Z (Zeke/Zumbi)


Embora tenham havido esses cuidados na adaptação, o roteiro não é o melhor de Guerra Mundial Z. Aqui importa muito mais a ação e o suspense do que tirar conclusões científicas e estratégicas sobre a devastação. O roteiro não enfoca com tanto realismo como um profissional da ONU trabalha na relação com os governos locais e nesse aspecto o filme não adentra questões políticas como a base da narrativa, por exemplo, logo o que fica mais visível é o foco em Gerry e suas habilidades investigativas e heróicas no campo, na linha de frente com o perigo. A narrativa também tem suas lacunas pois não tem como característica explicar tanto a fonte da infecção, embora cite evidências de relatos em diferentes localidades contaminadas e termos como paciente zero, ou seja, o primeiro a se contaminar.  Por outro lado, assistir ao filme faz com que o público reflita de que o medo advém da fraqueza humana tanto a de não observar as nossas fraquezas como também a de não saber exatamente onde  estarão as nossas fragilidades e a de não acreditar em prováveis evidências. Essas pinceladas em diferentes circunstâncias do filme nos deixam as migalhas da investigação que são como pistas. Elas ajudam o público a começar a prestar atenção no mundo e em como o observam diariamente.


O longa carrega 5 grandes diferenciais técnicos para um blockbuster e que se tornam a base de sua qualidade: a atuação de Brad Pitt, que está muito à vontade no papel e foi sua própria decisão trabalhar com um cenário mais global e como um pai que faz tudo pela família; o trabalho combinado de direção, edição e som em articular bem o suspense e ação,  a ótima trilha sonora composta por Marco Beltrami  que mistura melodias épicas e de suspense com adequado apelo emocional e, por fim, os efeitos visuais que criam colônias grandiosas de zumbis que sobem muros e saltam de edifícios como se fossem um monstruoso ataque de abelhas e nos quais há um forte equilíbrio entre o efeito sci fi, épico e naturalista na tela. Ao visualizar zumbis que se transformam em 12 segundos e são organizados de forma crescente e assustadora,  o filme consegue transmitir o quão perturbante é pensar em uma infecção. Esse efeito também gera um excelente realismo audiovisual e a ideia de que nada poderá contê-los, o que aumenta a curiosidade sobre o desfecho.


De maneira geral, Guerra Mundial Z é um ótimo entretenimento e um dos melhores já lançados nos últimos 2 anos. Faz minimamente a gente refletir de que forma uma terceira guerra mundial  poderia chegar ao mundo, ainda que esteja longe de direcionar qualquer tipo de profunda reflexão a respeito, ele possibilita imaginar  que a guerra não viria só por armas, por exemplo, mas seus motivos podem ser bem mais ocultos e sutilmente destruidores.  No geral, o longa é equilibrado e vale a pena ser visto. No primeiro ato, o núcleo familiar de Gerry e Karen evidencia de que é necessário ter uma motivação para a sobrevivência, inclusive a familiar e/ou coletiva. No segundo ato, a visão global de diferentes países impactados por um ataque de zumbi e a função investigativa e diplomática de Gerry (principalmente por ser da ONU) incluem no longa a variável das proporções mundiais e a necessidade de  ver diferentes perspectivas e ter um perfil para o diálogo. No terceiro ato já entra mais em ação o grande clímax decisório e a sacada do roteiro. Aliás, o que Gerry faz a si mesmo é uma das melhores partes do filme e, portanto, é um blockbuster imperdível.





Ficha técnica do filme ImDB Guerra Mundial Z 

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